terça-feira, 10 de junho de 2008

Novas Tecnologias Inclusivas

Num contexto de rápidas mudanças tecnológicas, o sistema educativo é confrontado com a necessidade de fornecer novas oportunidades educacionais. Recorrendo às novas tecnologias, sobretudo no campo das comunicações, podemos aceder a instrumentos de trabalho e a fontes de informação impensáveis há bem pouco tempo. A facilidade, a rapidez e a supressão de barreiras geográficas tornam possível o acesso aos mais diversos canais potenciadores de conhecimento, mas também de convívio e de lazer.

O precário acesso à informação e a serviços de telecomunicações, as barreiras arquitectónicas e a escassez de transportes públicos adaptados tem constituído um dos mais sérios obstáculos à integração escolar, profissional e social dos cidadãos com necessidades especiais (NE).

“As novas tecnologias desempenharão um papel cada vez mais importante na ajuda a prestar às pessoas com deficiência de forma a assegurar-lhes um estatuto de igualdade relativamente às demais pessoas na vida e na sociedade” (Resolução ResAP, 2001).
A acessibilidade às tecnologias de informação e comunicação (TIC) deve ser considerada como um factor de qualidade de vida. Para a maioria das pessoas a tecnologia torna a vida mais fácil. Para uma pessoa com NE, a tecnologia, torna as coisas possíveis (Godinho, 1999)."


A promoção da utilização da tecnologia como solução de problemas concretos da criança/jovem com NE foi englobada no Acordo Parcial do Domínio Social e da Saúde Pública, do Conselho da Europa - Para a Plena Cidadania das Pessoas com Deficiência através de Novas Tecnologias Inclusivas (Resolução ResAP, 2001):

“(…) deve ser elaborada uma estratégia nacional que inclua um conjunto de medidas ou instrumentos, tais como planos de acção, a fim de assegurar que as pessoas com deficiência beneficiem das oportunidades conferidas pelas novas tecnologias de evitar o risco de exclusão e de avaliar o impacto das novas tecnologias na sua qualidade de vida. (…) Para assegurar a igualdade de oportunidades e uma participação plena e activa na vida da comunidade, é necessário que todos possam beneficiar das aplicações tecnológicas e que possam ter acesso e utilizá-las com autonomia, tanto quanto possível da mesma forma que todas as outras pessoas, ainda que isso exija, por vezes, modificações e soluções específicas”.

Um dos pilares de actuação do Plano de Acção para a Sociedade de Informação denominado de Uma sociedade da informação para todos tem como um dos seus eixos: Promover a coesão digital. Este eixo tem como 1ª prioridade os Cidadãos com NE e apresenta os respectivos projectos/acções prioritários na área da educação: plano nacional de informática nos apoios educativos; ensino à distância; centros de avaliação dos alunos com deficiência, aplicações para cidadãos com NE, sintetizadores de fala… (UMIC, 2003, 2005).

O ensino à distância, por exemplo, apresenta-se como uma alternativa ou complemento aos actuais métodos de ensino, permitido dar resposta a diversos tipos de necessidades, nomeadamente às resultantes da impossibilidade de participar nas actividades escolares.

A utilização da educação à distância, com as devidas adaptações para dar resposta às necessidades de crianças e jovens com NE, pode corresponder a um meio facilitador que esbate algumas das barreiras à sua participação e à sua inclusão na sala de aula (Moniz Pereira & Saragoça, 2001). Assim, como vantagens do ensino à distância, podemos ainda salientar a: eliminação ou redução das barreiras de acesso à aprendizagem; flexibilidade, especialmente na permanência do aluno no seu ambiente familiar; utilização de recursos multimédia; aprendizagem activa; facilitação do contacto e da troca de experiências com os docentes e os pares. Em relação às desvantagens e/ou limitações, podemos referir: limitações relativas ao desenvolvimento de objectivos da área afectiva e de objectivos da área psicomotora; a impossibilidade de usufruir diariamente de outros recursos existentes na escola; a necessidade do aluno possuir um nível de compreensão da informação escrita e conhecimentos na utilização de recursos multimédia que permitam a utilização dos equipamentos e o acompanhamento da turma.

Ao nível dos recursos destacamos o sistema de videoconferência ou videotelefone de modo a permitir a troca de informação áudio e vídeo sem atraso significativo, assim como, de um computador com ligação à internet e do correio electrónico de forma a possibilitar a troca de ficheiros.

A utilização de novas tecnologias da educação, para crianças/jovens com NE, não devem ser vistas como mero “apoio” aos meios da escola, mas sim como um passo em direcção à sua independência, além de favorecer a quebra dos processos de exclusão social que as envolve. Este tipo de aprendizagem apresenta vantagens adicionais para as pessoas com NE: a participação escolar, mesmo à distância, pode ser um incentivo para a sua capacitação

Os estudos empíricos permitem-nos afirmar que, no que concerne ao ensino à distância, a tecnologia não substitui o atendimento, mas permite estabelecer novas possibilidades de trabalho de equipe, num programa específico de intervenção, mantendo os alunos com NE, num ambiente o menos restritivo (maior sistematização e frequência do apoio e acesso à informação especializada).

uma conclusão comumente referida nos diferentes estudos, é de que a tecnologia é bem aceite pelos técnicos e população com NE quando responde às suas necessidades, existe um período de treino e adaptação e é de fácil uso.

Em conformidade com estes pressupostos, é de referir a importância do acompanhamento realizado pelos centros especializados, de modo a efectuar a adaptação do contexto, a adequação dos recursos e a avaliação do processo; desta forma poderão ser efectuadas as reestruturações necessárias a uma utilização dinâmica e proficiente das TIC.

Atualmente a Direcção de Regional de Educação Especial e Reabilitação promove um projecto - Projecto Aprender Sem Barreiras - ligado ao ensino à distância para alunos impossibilitados da frequentar a escola de forma presencial. No ano lectivo 2005/06 o projecto é desenvolvido pela Divisão de Adaptação às Novas Tecnologias da Informação e Comunicação em colaboração com a Escola do 2º e 3º ciclos de Santo António e o Externato da Sagrada Família (Santana). Esta divisão está a ser equipada no âmbito do Programa Madeira Digital: Projecto O Acesso à Sociedade de Informação na Educação Especial e tem como atribuições:

a) Concepção, desenvolvimento, promoção e divulgação de novos meios tecnológicos de informação e comunicação a serem utilizados por alunos com deficiência e ou outras necessidades educativas especiais;
b) Adaptação de materiais/equipamentos facilitadores da autonomia pessoal e da integração social e escolar;
c) Acompanhamento, promoção e divulgação de estudos e experiências inovadoras ao nível das tecnologias para pessoas com necessidades educativas especiais;
d) Acompanhamento de todos os serviços e ou estabelecimentos que desenvolvam projectos no âmbito das ajudas técnicas e tecnológicas adaptadas à pessoa com deficiência;
e) Promoção e desenvolvimento de projectos ligados ao ensino à distância para alunos impossibilitados da frequentar a escola de forma presencial.

FONTE: http://noticia.nesi.com.pt/?p=263

CAMILA DA SILVA NIETO

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